Política
Prefeito diz que isenção no transporte custa R$ 500 mil por mês e compromete outras áreas

Murilo Rinaldo quer revogar Tarifa Zero no transporte de Monte Mor

Após cinco meses de governo, prefeito alega inviabilidade financeira da medida e envia projeto à Câmara para encerrar gratuidade do transporte público municipal; proposta já enfrenta resistência política e será votada pelos parlamentares

O prefeito de Monte Mor, Murilo Rinaldo (PP), protocolou na Câmara Municipal projeto de lei que revoga o programa Tarifa Zero, que garante transporte público gratuito aos moradores desde janeiro de 2024. A proposta surpreendeu parte da população e provocou forte reação no Legislativo, especialmente da vereadora Wal da Farmácia (PSB), principal articuladora da criação do benefício.

Segundo Rinaldo, embora reconheça a “nobre intenção da gestão responsável pelo encaminhamento do projeto que originou o benefício da isenção tarifária”, a medida se mostrou financeiramente inviável na prática. “A sustentabilidade dessa política pública se revelou absolutamente inviável ante a ausência de prévio estudo acerca de seus custos financeiros”, afirma o prefeito.

Atualmente, de acordo com o Executivo, para manter o transporte gratuito, a prefeitura paga subsídio mensal de R$ 500 mil para a empresa que opera o serviço. Para o prefeito, esse valor representa um “fardo significativo” aos cofres públicos, comprometendo recursos que, segundo ele, “poderiam ser utilizados para melhorias na infraestrutura da cidade e na própria qualidade do serviço de transporte”.

Rinaldo também defende que a volta da cobrança das tarifas poderá viabilizar melhorias operacionais no sistema, como a “ampliação de linhas, aumento da segurança e do conforto aos passageiros”. Ele argumenta que a prefeitura estuda a implantação de tarifas sociais voltadas a públicos vulneráveis, além de dizer que o fim da gratuidade ajudaria a promover “maior conscientização dos usuários e responsabilidade no uso dos serviços”.

A proposta, porém, gerou imediata reação da vereadora Wal da Farmácia, que criticou duramente a medida. “Não serei conhecida por ser quem tirou o transporte gratuito da população”, afirmou. Ela também se queixou da condução do processo pelo Executivo. Segundo a vereadora, em uma reunião recente entre a Prefeitura e os vereadores, foram apresentados todos os dados sobre as dívidas da cidade, mas não houve qualquer menção aos débitos relacionados ao programa Tarifa Zero.

O projeto de revogação deve ser debatido nas próximas sessões da Câmara. A votação, ainda sem data definida, promete ser marcada por intensos debates entre os vereadores e mobilização popular, já que o fim da Tarifa Zero atinge diretamente milhares de usuários do transporte público de Monte Mor.

DÍVIDA

No final de janeiro, o Tribuna Liberal mostrou que o programa Tarifa Zero, criado pelo ex-prefeito Edivaldo Brischi (PSD), havia deixado uma dívida de R$ 2,5 milhões com a empresa responsável pelo transporte público da cidade. Segundo Rinaldo, a prefeitura manteve o serviço de ônibus gratuito no ano passado, mas sem efetuar os pagamentos à concessionária por mais de quatro meses.

Na época, a nova gestão disse que iria assumir todas as dívidas e realizar o parcelamento. Em dezembro de 2023, o ex-prefeito Brischi sancionou a Lei 12.010/ 2023, instituindo o programa Tarifa Zero.

FUNDO MUNICIPAL

A gestão financeira do programa ficou a cargo do FMTU (Fundo Municipal de Transporte Urbano). O novo projeto de Rinaldo revoga também o Fundo Municipal. A Mov Monte Mor é a empresa que opera o transporte municipal. Renovada recentemente, a frota de Monte Mor conta com ônibus com acessibilidade.


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