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Welson Soares é graduado em Direito pela Faculdade Anhanguera e atua como advogado Criminal

Coluna Justiça em Foco

Trump impõe tarifaço ao Brasil: entenda os impactos e se a medida viola os acordos diplomáticos

Desde quarta-feira (6), o governo americano passou a aplicar uma tarifa de 50% sobre diversos produtos brasileiros, incluindo itens-chave do agronegócio, como café, carne bovina e pescados. 

A medida, já apelidada de “tarifaço de Trump”, promete impactos bilionários para o Brasil e efeitos negativos até mesmo para a economia americana.

O que é o tarifaço de Trump?

O “tarifaço” consiste em sobretaxas impostas a produtos estrangeiros que entram nos EUA. A medida assinada por Donald Trump cita ameaças à segurança nacional e acusa governo brasileiro de violar direitos humanos e censurar empresas dos EUA.

O governo americano afirma que o Brasil adotou ações recentes que representam uma ameaça à segurança nacional, à economia e à política externa dos Estados Unidos. Por isso, decidiu aumentar em 40 pontos percentuais a tarifa que já existia, totalizando agora 50%.

De acordo com o texto da Casa Branca, o governo brasileiro estaria perseguindo politicamente o ex-presidente Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores.

Também foi motivada por ações que “prejudicam empresas americanas, os direitos de liberdade de expressão de cidadãos americanos”, além de afetar a política externa e a economia do país. O documento cita diretamente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, é citado no texto como responsável por “ameaçar, perseguir e intimidar milhares de seus opositores políticos, proteger aliados corruptos e suprimir dissidências, frequentemente em coordenação com outros membros do STF”

Essas tarifas não são novidade no governo Trump. Durante seu primeiro mandato, o republicano travou disputas comerciais com a China e outros parceiros. Agora, seu novo pacote atinge fortemente o Brasil, terceiro maior parceiro agropecuário dos Estados Unidos.

Essa medida poderia ser adotada ou possui violação dos acordos diplomáticos e jurídicos?

No caso do “tarifaço”, Trump impôs uma tarifa de importação sobre produtos estrangeiros que entram nos EUA. Isso é algo totalmente legal e soberano dentro do território americano, desde que respeite as leis internas dos EUA e as normas internacionais de comércio (como os acordos da OMC).

O governo brasileiro pode recorrer à OMC (Organização Mundial do Comércio) ou tentar acordos diplomáticos para reverter ou mitigar os efeitos.

Entenda os impactos em 5 pontos

1. Poucos itens escaparam da tarifa

Apenas uma pequena parcela dos produtos brasileiros entrou na lista de exceções à tarifa de 50%. Entre eles estão suco de laranja, castanha-do-pará, madeira e sisal. Os demais como café, carne bovina e pescados passaram a ser taxados integralmente, o que inviabiliza ou reduz drasticamente sua competitividade no mercado americano.

2. EUA são mercado estratégico para o agro brasileiro

Os Estados Unidos são o terceiro maior comprador do agronegócio brasileiro, atrás apenas da China e da União Europeia. Só em café, o prejuízo estimado é de US$ 481 milhões ainda em 2025.

Em carne bovina, a perda pode ultrapassar US$ 1 bilhão. Produtos como mel, frutas e pescados também devem sofrer com a queda na demanda americana.

3. Brasil perde, mas os EUA também

Apesar de a medida visar beneficiar os americanos, o impacto pode ser duplo. Os EUA dependem de produtos brasileiros, especialmente do café (99% do consumo interno é importado).

O Brasil, que responde por 30% desse mercado, é difícil de ser substituído rapidamente. O mesmo ocorre com a carne bovina: os EUA enfrentam escassez de gado e aumento de preços, e o corte de importações pode piorar a inflação.

4. Preços no Brasil podem cair mas só no curto prazo

Com a diminuição da demanda externa, é possível que haja queda temporária nos preços internos, principalmente na carne.

Mas, segundo especialistas, a tendência não deve durar. O tarifaço já está provocando redução nos abates, o que deve impactar a oferta e elevar os preços nos próximos meses.

5. Redirecionar as exportações não será fácil

Encontrar outros compradores para o volume destinado aos EUA não é tarefa simples. Cada país tem exigências sanitárias e padrões específicos, além de diferentes preferências de cortes e tipos de produtos.

Os americanos compram a dianteira do boi para hambúrgueres, enquanto o consumidor brasileiro prefere cortes traseiros, como picanha. O mesmo vale para café e mel, que seguem critérios rigorosos.

Conclusão

A decisão de Donald Trump reforça seu projeto de política externa isolacionista e protecionista, mas traz consequências econômicas reais para os dois lados. O Brasil, como grande exportador, sofre prejuízos diretos, especialmente no agronegócio. Já os EUA enfrentam o desafio de lidar com inflação, escassez de produtos e possíveis retaliações comerciais.

Mais do que uma medida pontual, o tarifaço reacende o debate sobre relações comerciais globais, dependência entre nações e os limites do protecionismo em uma economia interconectada.

Fique atualizado sobre as principais notícias relacionadas ao mundo jurídico, acompanhando nossa coluna “Justiça em Foco”. Até a próxima!

Welson Soares é graduado em Direito pela Faculdade Anhanguera, atua como advogado Criminal no renomado Escritório Andressa Martins Advocacia, localizado na cidade de Sumaré, há mais de 17 anos. Pós-graduando em Direito Penal e Processo Penal.

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