83% das indústrias da região preveem atraso em investimento com novos impostos, diz Ciesp
Levantamento também revela impactos na cadeia produtiva, tensões internacionais e queda em indicadores industriais; diretor avalia descompasso entre política econômica e estímulos ao setor
Nova pesquisa da Sondagem Industrial realizada pelo
Ciesp-Campinas revela que 83% das indústrias da região projetam atrasos em
investimentos devido à elevação de impostos e encargos, como o aumento da Conta
de Desenvolvimento Energético (CDE). O levantamento, divulgado nesta
terça-feira (24), aponta ainda que 17% das empresas preveem impacto
extremamente negativo, com possibilidade de cortes drásticos de custos. Nenhuma
das respondentes considerou os impactos como moderados, insignificantes ou
nulos.
Segundo a pesquisa, que ouviu empresas associadas ao
Ciesp-Campinas, a MP 1.300/25 – que aumenta os encargos sobre a energia
elétrica para a indústria – também deverá pressionar os preços ao consumidor:
67% das empresas afirmaram que os preços da cesta básica e de outros bens
fabricados no país devem subir.
Para o diretor do Ciesp-Campinas, José Henrique Toledo
Corrêa, os resultados evidenciam o descompasso entre a política econômica do
governo e a necessidade de estímulo à indústria nacional. “A pesquisa mostra
claramente que a elevação de tributos como o IOF e os custos da CDE impactam
negativamente a produção, a rentabilidade e os investimentos. Isso não só
desestimula a atividade produtiva, mas também encarece os produtos para o
consumidor final”, destacou.
Corrêa ressaltou ainda que houve queda generalizada nos
principais indicadores industriais. O volume de produção caiu em 66% das
empresas; o faturamento em 67%; e o endividamento e inadimplência se mantiveram
estáveis para aproximadamente dois terços das indústrias.
O vice-diretor do Ciesp-Campinas, Valmir Caldana, reforçou
que o setor industrial, apesar de ser a locomotiva da economia, está sendo
pressionado a absorver custos. “Aumentos como o da CDE penalizam toda a cadeia.
O esforço é grande para não repassar isso ao consumidor, mas há um limite”,
afirmou.
Além do ambiente interno, o contexto geopolítico também
preocupa. O diretor do Departamento de Comércio Exterior do Ciesp-Campinas,
Anselmo Riso, demonstrou apreensão com o conflito entre Irã e Israel, que pode
interromper rotas marítimas estratégicas, como o canal do Golfo de Ormuz – por
onde circula cerca de 20% do petróleo mundial e volumes significativos de gás
natural.
“Uma escalada no conflito pode comprometer diretamente as
importações e exportações da nossa indústria, encarecendo ainda mais os insumos
e afetando a previsibilidade de entrega”, alertou Riso.
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