Justiça manda acusado de assassinar ativista cultural a júri em Hortolândia
Nigeriano é réu pela morte de Wagner Luiz Alves, de 37 anos,
e por uma tentativa de homicídio contra outra vítima, após protagonizar tiroteio
durante reunião de uma ONG em abril de 2021, no Parque São Miguel, provocando
pânico
A Justiça de Hortolândia determinou que o nigeriano acusado
pela morte do ativista cultural Wagner Luiz Alves, de 37 anos, e por uma
tentativa de homicídio vá a júri popular. A decisão de pronúncia é do juiz
André Forato Anhê, da 1ª Vara Criminal. Conforme o magistrado, há prova de
materialidade e indícios de autoria, requisitos a serem avaliados pelo Conselho
de Sentença no Tribunal do Júri.
Segundo a denúncia do Ministério Público, por volta das 20h de
10 de abril de 2021, na Rua Joseph Paul Julien Burlandy, nº 80, no Parque São
Miguel, o acusado teria efetuado disparos de arma de fogo durante uma reunião
voltada à constituição de uma ONG. Wagner, que buscava a esposa na confusão,
foi alcançado do lado de fora do salão e morreu no local. Já a vítima de
tentativa de homicídio, de 44 anos na época, foi atingida, sobreviveu e ficou
com projétil alojado. O laudo necroscópico indica traumatismo crânio-encefálico
causado por projétil.
Nos depoimentos colhidos, testemunhas relataram que o acusado circulou pelo local durante a tarde, teria ingerido bebida alcoólica e, subitamente, passou a atirar em direção ao grupo, inclusive trocando o carregador durante a ação. Testemunhas também mencionaram portões trancados e correria generalizada. Já a defesa sustenta que o homem agiu em legítima defesa após uma suposta agressão, versão que será submetida ao crivo dos jurados. A pronúncia enquadra o nigeriano, em tese, por homicídio qualificado por motivo fútil.
PRISÃO MANTIDA
A Justiça manteve a prisão do réu até o julgamento. O juiz
aponta risco à aplicação da lei penal e à ordem pública, ressaltando que o
acusado é estrangeiro sem vínculos na cidade, fugiu para outro município após
os fatos e, quando preso em 8 de junho de 2021, tentou sacar um revólver, sendo
contido pela polícia. A custódia cautelar foi convertida em prisão preventiva.
Juiz André Forato Anhê manteve prisão do réu até a data do
julgamento, que ainda será marcado
Recebida a denúncia em 28 de junho de 2021, houve aditamento em 21 de fevereiro de 2022 para incluir qualificadora de perigo comum. Concluída a instrução, o Ministério Público e o assistente de acusação pediram a pronúncia. A defesa insistiu na legítima defesa e, subsidiariamente, no afastamento das qualificadoras. O juiz afastou hipóteses de absolvição sumária e pronunciou o réu, levando ele a júri.
O CASO E A INVESTIGAÇÃO
Conforme a investigação da Polícia Civil, o acusado iria
realizar serviço mecânico na cidade e teria atirado sem motivação aparente
contra os presentes na reunião. Na prisão, segundo relato policial, foi
apreendida uma arma com o investigado. A autoridade policial enfatizou que não
há relação entre o crime e o ativismo cultural da vítima.
Com a pronúncia, o processo segue para a fase do júri, em
que as partes poderão arrolar jurados, apresentar requerimentos finais e, na
sessão designada, sustentar oralmente suas teses perante os jurados sorteados.
A data do julgamento ainda será definida. A reportagem não conseguiu contato
com a defesa do réu.
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