Combate à fraude recupera energia para abastecer mais de 2 mil casas na região
Operações da CPFL Paulista conseguem resgatar 4,1 mil MWh de
energia desviados ilegalmente na região de Campinas, que inclui os municípios
de Sumaré, Nova Odessa, Hortolândia, Monte Mor, Paulínia e Americana, entre
janeiro e julho
O “gato” de energia, ligação clandestina e ilegal de eletricidade, é uma prática bastante conhecida. O que nem todo mundo tem consciência é que furto de energia é crime, gera prejuízos financeiros, além de risco de acidentes como choque elétrico e até incêndio.
Balanço divulgado pela
concessionária CPFL Paulista, nesta semana, informa a recuperação de 4,1 mil
MWh de energia, entre os meses de janeiro e julho, desviados ilegalmente nas 34
cidades atendidas pela companhia na região de Campinas, que inclui os
municípios de Sumaré, Nova Odessa, Hortolândia, Monte Mor, Paulínia e Americana.
O volume é suficiente para abastecer mais de 2 mil residências pelo período de
um ano, estima a empresa de energia.
Por meio do “gato”, feito por meio de desvios diretos na
rede elétrica ou pela adulteração do medidor, a pessoa se beneficia pelo uso de
energia sem pagar por ela. A prática configura crimes de furto e estelionato,
com punição de até quatro anos de prisão, segundo o Código Penal.
Para combater fraudes e furto de energia, a CPFL diz que
planeja investir mais de R$ 105 milhões até o final deste ano, em toda a área
de concessão. Os recursos são utilizados em tecnologias e operações especiais
de combate a fraudes e furtos de energia, a exemplo da que aconteceu no
município de Sumaré, no último dia 21 de agosto (veja texto nesta página).
A distribuidora conta que vem destinando recursos, neste
ano, especialmente em projetos de blindagem de clientes que apresentaram
reincidência na prática do furto de energia. Dentre as soluções, estão, por
exemplo, as caixas blindadas instaladas em residências, que permitem o acesso
ao medidor de energia somente aos técnicos da CPFL. Já em clientes industriais,
a companhia afirma que investiu em conjuntos blindados que externalizam a
medição e são equipados com sistema de telemetria.
Outras iniciativas destacadas pela CPFL Paulista para
regularizar 2,9 mil instalações na região de Campinas até julho deste ano,
foram os investimentos em tecnologias de monitoramento e análise de consumo dos
clientes. Um exemplo são os softwares geridos por inteligências artificiais que
otimizaram as inspeções realizadas em campo pelas equipes da distribuidora.
“A partir desses investimentos, conseguimos tornar as
operações muito mais precisas e recuperar uma quantidade de energia que seria
suficiente para abastecer mais de duas mil residências por ano. Ainda que os
desafios sejam muitos, seguimos firmes no combate às ligações clandestinas e à
adulteração de medidores, com o compromisso contínuo de entregar energia de
qualidade para toda a população”, afirma Victor Rios, gerente de Recuperação de
Energia da CPFL, por meio da Assessoria de Imprensa.
O consumidor A.S.S, 58 anos, morador de Hortolândia, que
pediu para não ser identificado, diz que já foi vítima do que ele chama de
“ladrões de energia”. Desconfiou quando percebeu um aumento exagerado no
consumo de energia, sem que houvesse nenhuma mudança na rotina da família.
“Chamei um eletricista para verificar as instalações e descobri que havia
desvio de energia da minha residência. Comuniquei à companhia de energia na
hora”, afirma.
População pode fazer denúncia anônima de furto
Além dos investimentos realizados pela CPFL Paulista, as
denúncias anônimas feitas pela população em toda área atendida pela
distribuidora no interior do Estado de São Paulo também contribuíram para os
resultados expressivos conquistados ao longo dos sete primeiros meses do ano.
Ao todo, foram mais de 36 mil denúncias no período,
contabiliza a empresa de energia. “O apoio da população é um aliado importante
no combate às fraudes e furtos de energia. Comunicar à companhia sobre
eventuais vizinhos ou comerciantes que estejam praticando tais atos evita
acidentes e protege o sistema elétrico, garantindo um fornecimento de energia
seguro e de qualidade”, destaca Rios.
As denúncias anônimas podem ser feitas por meio do aplicativo
CPFL Energia ou pelo site www.cpfl.com.br/fraude. Outra maneira de denunciar,
sem se identificar, é pelo Disk Denúncia 181.
Crime encarece conta de luz e pode causar acidentes fatais
As práticas de furtar ou fraudar energia, além de ilegais,
impactam diretamente à toda população. De acordo com a CPFL, tais atos
sobrecarregam o sistema elétrico, podendo provocar oscilações e interrupções no
fornecimento de energia, gerar riscos de curtos-circuitos e, por consequência,
eventuais acidentes, até mesmo fatais.
Previstos no Código Penal, com pena que pode variar de um a
quatro anos de detenção, as ações de manipular medidores de energia ou realizar
ligações diretas à rede de distribuição também geram prejuízos financeiros aos
responsáveis pelos crimes, uma vez que pagarão de forma retroativa pelo período
em que furtaram energia, explica a concessionária.
No entanto, as consequências se estendem à toda sociedade.
Isso porque, conforme determina a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica),
as perdas comerciais, como são chamadas as fraudes, são incluídas na tarifa da
distribuidora detentora da área de concessão onde ocorreu o crime, no momento
das revisões tarifárias, encarecendo a conta de luz para todos.
Inspeção em Sumaré constata irregularidades em seis
comércios
Antigamente, o “gato” de energia era uma prática recorrente
entre a população de baixa renda. Hoje, as fraudes envolvem estabelecimentos
comerciais e até indústrias. Além da empresa de energia e os consumidores
regulares, esse tipo de crime prejudica, também, o Estado, que deixa de
arrecadar o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do
consumo de energia elétrica não medido (fraudado) e não faturado pela CPFL. Sem
recolher o ICMS, observa a empresa, há menos recursos para investimentos em
obras e serviços para atender a população.
Como parte das ações de combate a fraudes e furtos de
energia executadas em Sumaré, a CPFL Paulista realizou, dia 21 de agosto, uma
nova operação no município em que foram vistoriados nove estabelecimentos
comerciais, dentre eles bares, lojas, adegas e mercados. No total, a companhia
identificou seis estabelecimentos com irregularidades em suas instalações
elétricas.
Operação identifica Operação identifica fraudes e tem apoio da polícia
As equipes da distribuidora regularizaram as medições e
realizarão os cálculos sobre a quantidade de energia desviada. Os respectivos
valores serão repassados pela companhia aos responsáveis pelas fraudes. Um
proprietário de estabelecimento foi conduzido à delegacia para prestar
esclarecimentos.
Inspeções como essa são intensificadas pela concessionária e
contam com o apoio das autoridades policiais com o objetivo de coibir as
ligações clandestinas e manipulações de medidores de energia.
No ano de 2025, foram 112.781.000 kWh de energia recuperados em toda a área de concessão. A quantidade seria suficiente para abastecer uma cidade de 45 mil casas com quatro moradores durante um ano.
Pesquisadores desenvolvem soluções para identificar ‘gatos’
Pesquisadores da Feec (Faculdade de Energia Elétrica e de
Computação) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desenvolveram
sistemas capazes de identificar áreas com suspeita de furto de energia e mapear
regiões em que árvores representam riscos à rede de transmissão.
De acordo com reportagem publicada no Jornal da Unicamp,
edição 725, do dia 19 de maio deste ano, a pesquisa de mestrado responsável por
esses avanços ficou a cargo de Nelson Rodrigues Silva, com orientação da
professora Fernanda Arioli, integrantes do CPTEn (Centro Paulista de Estudos da
Transição Energética) da Unicamp.
Segundo o informativo acadêmico, a proposta de aplicar a
visão computacional de imagens de satélite à identificação de potenciais perdas
não técnicas de energia surgiu a partir da experiência adquirida por Silva na
sua graduação, quando participou de projetos relacionados a essa tecnologia e à
demanda crescente pela mitigação do problema, que ainda conta com poucos
estudos. “As empresas dependem da prática de inspeções nos locais onde as
perdas podem ocorrer, o que é muito complicado, principalmente no caso de
conexões clandestinas e furtos de energia”, argumenta.
O estudo propõe um sistema no qual o número de construções
identificadas nas imagens aéreas seja comparado com as coordenadas geográficas
dos medidores de energia instalados pelas concessionárias. Se há uma
concentração de edificações maior do que a quantidade de medidores registrados,
há um indício de que a região apresenta conexões clandestinas de energia –
conhecidas popularmente como “gatos”. O pesquisador explica que o algoritmo
criado para as análises desconsidera construções próximas ou sobrepostas, como
edículas. As simulações ocorreram em duas áreas de Campinas, com 14,5 km2 e 23
km2 de extensão, e cerca de 23 mil medidores de energia registrados no total.
A pesquisa também desenvolveu ferramentas que permitem
estimar a capacidade instalada de painéis fotovoltaicos, identificando
eventuais discrepâncias em relação ao volume de geração comunicado às
concessionárias. Os estudos apontam, ainda, soluções para o mapeamento de áreas
arborizadas que oferecem um maior risco para as redes de transmissão de
energia.
Segundo os pesquisadores, além de oferecer às empresas do
setor recursos para identificar fraudes e furtos, reduzindo prejuízos que, em
parte, afetam as contas de luz do consumidor, as soluções desenvolvidas
contribuem para aperfeiçoar fontes de dados, como a Base de Dados Geográfica da
Distribuidora (BDGD), utilizada para estudos feitos por empresas de energia,
para formular políticas públicas e para reduzir desigualdades regionais.
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