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Em cidades como Monte Mor (igreja local) e Hortolândia, as diferenças entre os dois grupos já são mínimas

Católicos predominam e evangélicos disparam nas cinco cidades da região

Com quase 300 mil católicos, Sumaré, Hortolândia, Nova Odessa, Paulínia e Monte Mor registram crescimento de 36,9% no número de evangélicos entre 2010 e 2022, enquanto católicos crescem 4,7%, aponta pesquisa do IBGE

Dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo IBGE, apontam para uma mudança na configuração religiosa da região composta por Sumaré, Hortolândia, Paulínia, Monte Mor e Nova Odessa. Apesar dos católicos ainda serem maioria em todos os municípios, o crescimento expressivo da população evangélica nos últimos 12 anos reduziu drasticamente a distância entre os dois maiores grupos religiosos regionais. De 2010 para 2022, o número de evangélicos cresceu 36,9% nas cinco cidades, enquanto os católicos tiveram crescimento mais modesto, de 4,7%.

Em números absolutos, a região somava 282.754 católicos em 2010, passando para 296.126 em 2022 — um aumento de pouco mais de 13 mil pessoas. Já os evangélicos saltaram de 170.325 para 233.173 no mesmo período, ganhando quase 63 mil novos adeptos. A tendência mostra um movimento de avanço evangélico em praticamente todos os municípios, com taxas de crescimento e, em alguns casos, uma aproximação direta em relação ao número de católicos.

Em Hortolândia, por exemplo, os católicos ainda lideram com 83.854 pessoas, mas os evangélicos estão muito próximos, com 81.706 adeptos — diferença de apenas 2.148 pessoas. Em 2010, essa distância era de 24.849, quando os evangélicos somavam 57.745 e os católicos, 82.594. Isso representa um crescimento de 41,4% entre os evangélicos e de 1,5% entre os católicos no município.

Monte Mor segue uma tendência semelhante. Em 2010, os católicos eram 22.581, contra 13.564 evangélicos. Doze anos depois, os católicos passaram para 24.134 (crescimento de 6,9%) e os evangélicos chegaram a 22.130 — um aumento de 63,1%. A diferença entre os dois grupos caiu de mais de 9 mil para pouco mais de 2 mil pessoas.

Em Nova Odessa, os católicos também cresceram em ritmo mais lento: foram de 25.025 em 2010 para 27.663 em 2022, alta de 10,5%. Já os evangélicos aumentaram de 15.297 para 19.761, crescimento de 29,2%, reduzindo a diferença entre os dois grupos de quase 10 mil para menos de 8 mil pessoas.

MAIOR DIFERENÇA

Paulínia, por sua vez, apresenta a maior diferença relativa entre os dois grupos. Os católicos passaram de 40.992 para 52.238 (aumento de 27,4%), enquanto os evangélicos cresceram de 17.961 para 26.211, alta de 45,9%.

REDUÇÃO DE CATÓLICOS

Em Sumaré, cidade mais populosa entre as analisadas, os católicos tiveram queda: eram 111.562 em 2010 e passaram para 108.237 em 2022 — uma redução de 3%. Enquanto isso, os evangélicos subiram de 65.758 para 83.365, um crescimento de 26,8%. A diferença entre os dois grupos, que era de quase 46 mil em 2010, caiu para cerca de 25 mil em 2022.

O levantamento do IBGE confirma que, embora o catolicismo ainda seja a principal religião na região, seu crescimento tem sido tímido, enquanto o número de evangélicos avança.

Com os dados mais recentes, a região totaliza 296.126 católicos e 233.173 evangélicos — uma diferença de aproximadamente 63 mil fiéis. Em 2010, essa diferença era de 112 mil, o que evidencia uma mudança de comportamento religioso da população, marcada pela ascensão evangélica e pela estabilização do catolicismo em algumas localidades.

CATOLICISMO ROMANO REDUZ NO BRASIL, REVELA CENSO DO IBGE

O Censo Demográfico de 2022 mostrou a consolidação das mudanças do perfil religioso do Brasil. O catolicismo apostólico romano, que em 2010 concentrava 65,1% (105,4 milhões) da população de 10 anos ou mais, passou a representar 56,7% (100,2 milhões) em 2022, uma redução de 8,4 pontos percentuais. Por outro lado, observou-se o aumento de 5,2 pontos percentuais na proporção de evangélicos, passando de 21,6% em 2010 (35 milhões) para 26,9% em 2022 (47,4 milhões).

Também houve aumento nas religiões de umbanda e candomblé (de 0,3 % em 2010 para 1,0%, em 2022) e outras religiosidades (de 2,7% para 4,0%). Houve pequeno declínio na religião espírita (de 2,2% para 1,8%). As religiosidades de tradições indígenas representaram 0,1% das declarações.

“Em 150 anos de recenseamento de religião, muita coisa mudou no país e na sociedade como um todo”, comenta a analista responsável pelo tema, Maria Goreth Santos, referindo-se ao primeiro Censo. “Em 1872, o recenseador deveria assinalar cada pessoa como ‘cathólico’ ou ‘acathólico’, conforme grafia da época; não havia outra opção de religiosidade”, explica Maria Goreth. “Além disso, a população escravizada era toda contada como católica, seguindo a declaração do senhor da casa”.

Hoje, as informações sobre religião no Brasil contemplam variados grupos e subgrupos. “As transformações sociais têm resultado em modificações na metodologia do Censo ao longo de todas essas décadas. Códigos, banco descritor, estrutura classificatória e incorporação de novas declarações religiosas foram sendo necessários para retratar a diversidade religiosa no Brasil da forma mais fidedigna possível”, afirma Maria Goreth.

O catolicismo foi a religião predominante em todas as grandes regiões do país, tendo sua maior concentração no Nordeste (63,9%), seguido da Região Sul (62,4%), e a menor proporção na Região Norte (50,5%). Já os evangélicos variam entre 36,8%, na Região Norte, e 22,5%, no Nordeste. A maior proporção dos que se declaram espíritas está na Região Sudeste, com 2,7%; para umbandistas e candomblecistas, nas regiões Sul (1,6%) e Sudeste (1,4%).

Das 27 unidades da federação, 13 contam com proporção de católicos apostólicos romanos superior à média nacional (56,7%), na população com 10 anos ou mais de idade. A maior proporção foi registrada no Piauí (77,4%), que também é o estado com menor percentual de evangélicos (15,6%). As menores proporções de católicos apostólicos romanos foram encontradas em Roraima (37,9%), Rio de Janeiro (38,9) e Acre (38,9%).

Em relação aos evangélicos, a maior proporção foi registrada no Acre (44,4%), e a menor no Piauí (15,6%). A maior proporção de espíritas foi encontrada no Rio de Janeiro (3,5%), enquanto a maior proporção de praticantes de Umbanda e Candomblé foi registrada no Rio Grande do Sul (3,2%) – ambas as posições já haviam sido registradas em 2010.      

EVANGÉLICOS TÊM PERFIL MAIS JOVEM, AFIRMA LEVANTAMENTO  

Embora os católicos apostólicos romanos sejam a maioria em todos os grupos de idade, sua proporção variou entre 52,0%, no grupo de 10 a 14 anos de idade, a 72,0%, no grupo de 80 anos ou mais. Entre os evangélicos, a relação é inversa: a maior proporção (31,6%) se encontra no grupo mais jovem, de 10 a 14 anos, e o grupo de 80 anos ou mais representou a menor proporção, com 19,0%.

Na desagregação da população por cor ou raça, o Censo 2022 revelou que, entre as pessoas brancas, 60,2% se identificavam como católicas apostólicas romanas, 23,5% se identificavam como evangélicas e 8,4%, como sem religião. Pessoas com cor ou raça indígena apresentaram a maior proporção de evangélicos (32,2%), enquanto pessoas amarelas apresentaram o menor (14,3%). As maiores proporções de espíritas (3,2%), outras religiosidades (13,6%) e sem religião (16,2%) se encontram entre pessoas de cor ou raça amarela.

Já na distribuição de cada grupo religioso por cor ou raça, verificou-se que o grupo espírita era composto em sua maioria por pessoas brancas (63,8%) e pardas (26,3%). Entre os evangélicos, a maioria era de cor ou raça parda (49,1%) e apenas 0,2% eram amarelas. Entre os umbandistas e candomblecistas, os maiores percentuais eram de brancos (42,7%) e pardos (26,3%). Entre a população de tradições indígenas, 74,5% eram de pessoas de cor ou raça indígena. Entre os sem religião, os maiores percentuais estavam entre pardos (45,1%) e brancos (39,2%).        

ESPÍRITAS TÊM MAIOR ÍNDICE DE ADEPTOS COM ENSINO SUPERIOR  

Entre as pessoas de 25 anos ou mais de idade, os espíritas apresentaram os menores percentuais de indivíduos sem instrução e com ensino fundamental incompleto (11,3%). É também o grupo com o maior percentual de nível superior completo (48,0%), uma diferença de 29,6 pontos percentuais em relação ao total do país (18,4%). 

Já entre os católicos romanos, 38,0% são sem instrução e com ensino fundamental incompleto e apenas 18,0% têm nível superior completo. As pessoas de tradições indígenas têm os percentuais mais elevados para os sem instrução e com ensino fundamental incompleto (53,6%), uma diferença de 18,4 pontos em relação ao total do Brasil (35,6%) para o mesmo nível. Entre os evangélicos, a maior proporção é no nível médio e superior incompleto, com 35,2%, seguido por sem instrução e com ensino fundamental incompleto, com 34,9%.

Os espíritas também detinham as menores taxas de analfabetismo entre pessoas de 15 anos ou mais de idade, com 1,0%, seguidos pelos umbandistas/candomblecistas (2,5%) e outras religiosidades (3,0%). As taxas de analfabetismo mais altas se encontravam nos grupos de tradições indígenas (24,6%) e católicos apostólicos romanos (7,8%), ambas acima do índice nacional (7,0%). “No caso dos católicos, esse resultado relaciona-se ao já mencionado perfil etário mais envelhecido desse grupo.

No caso das tradições indígenas, essa taxa de analfabetismo superior é esperada, considerando que 74,5% desse grupo é de pessoas de cor ou raça indígena, que, como um todo, já apresenta taxa de analfabetismo mais elevada”, explica o analista Bruno Mandelli Perez.       

DADOS DA RELIGIÃO – CENSO IBGE 2022

Hortolândia

Católicos: 83.854

Evangélicos: 81.706

Monte Mor

Católicos: 24.134

Evangélicos: 22.130

Nova Odessa

Católicos: 27.663

Evangélicos: 19.761

Paulínia

Católicos: 52.238

Evangélicos: 26.211

Sumaré

Católicos: 108.237

Evangélicos: 83.365      

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