Em março, bares e restaurantes da RMC registram saldo negativo de empregos
Apesar da retração em relação a fevereiro e do salário médio recorde, setor vive dificuldade para preencher quadros, com mão de obra cada vez mais escassa; segmento, no entanto, possui acumulado positivo neste primeiro trimestre
Da Redação | Tribuna Liberal
Alinhado aos números do Brasil, que sofreu forte retração na
geração de vagas em março, o setor de bares e restaurantes fechou o mês passado
com queda nas contratações com carteira assinada. Segundo o Novo Cadastro Geral
de Empregados e Desempregados (Caged), o segmento admitiu 3.128 pessoas e
demitiu 3.322, o que resultou em saldo negativo de 194 postos em março na
região. Mesmo com o número negativo, bares e restaurantes acumulam saldo de 422
novos postos criados no primeiro trimestre de 2025.
As admissões e demissões em março desaceleram em comparação
a fevereiro, quando o grupo de alimentação teve 3.873 contratações e 3.026
desligamentos, com a geração de 847 novos empregos. Dos 20 municípios que
formam a região de Campinas, 12 fecharam o mês com mais demissões que
admissões. Americana liderou a lista, com 53 postos fechados, seguida de
Indaiatuba (-36), Hortolândia e Valinhos (-25), Paulínia e Santa Bárbara
D’Oeste (-23), e Itatiba (-20).
Entre as cidades que criaram vagas, Holambra aparece no topo
da lista (18), seguida por Campinas (16), Jaguariúna (13) e Pedreira (08).
André Mandetta, presidente da Associação Brasileira de Bares
e Restaurantes (Abrasel) Regional Campinas, diz que os números da região vieram
em sintonia com o desempenho nacional, mesmo com uma ligeira retração. “A
princípio, olhamos os números como uma acomodação natural do setor para este
início de ano”, pondera ele. “Mas também temos de levar em consideração
fevereiro, um mês com forte volume de contratações realizadas pelos bares e
restaurantes”, acrescenta Mandetta.
Segundo o presidente da Abrasel Regional Campinas, outro
ponto que precisa de atenção é que o setor vive incertezas quanto ao
comportamento dos clientes e ao fim do programa Perse, o que pode impactar os
resultados ao longo do ano.
Salário médio
Mesmo com a retração em março, o setor convive com a falta
de mão de obra, com mais de 12 mil vagas em aberto apenas na RMC, mesmo com a
média salarial de R$ 2.222, maior valor médio. Pesquisa realizada pela Abrasel
aponta que 64% dos empresários têm dificuldade de contratar por não encontrarem
profissionais qualificados; 61% relatam falta de interessados.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD)
divulgados em março deste ano, indicaram que o salário no setor de alimentação
fora do lar atingiu sua maior média da história, chegando a R$ 2.222. No
entanto, quem empreende em bares e restaurantes tem enfrentado obstáculos para
preencher as vagas disponíveis: um levantamento da Abrasel, realizado também em
março, indicou que 90% dos empresários consideram “difícil” ou “muito difícil”
contratar novos funcionários. A margem de erro é de 2% e o intervalo de
confiança é de 95%.
Ainda segundo a pesquisa, os principais entraves na hora de
encontrar mão de obra são a dificuldade de achar profissionais bem qualificados
(64%) e a falta de interessados nas vagas (61%). Outros motivos também
contribuem para o desafio de contratação: horários pouco atrativos para os
cargos oferecidos (33%), alta demanda pelos profissionais (23%) e migração da
mão de obra para outras áreas (21%).
Além disso, 20% dos empresários afirmam que os salários
desejados estão acima das possibilidades de pagamento dos estabelecimentos.
Cargos especializados — como sushiman e churrasqueiro, por exemplo — são os
mais difíceis de preencher, com 88% dos empreendedores considerando a
dificuldade de contratar como “alta” ou “muito alta”, seguidos dos cargos de
cozinheiro-chefe (81%) e gerente (78%).
Apesar do cenário desafiador, há expectativa de movimentação
no mercado de trabalho no segundo trimestre deste ano. Segundo a pesquisa, 26%
dos empresários pretendem contratar, enquanto 61% devem manter o quadro atual e
13% projetam demissões. Entre os que planejam contratar, 46% afirmam que o
objetivo é reforçar a mão de obra para atender demandas administrativas ou
reorganizar a empresa; outros 34% pretendem renovar a equipe e 32% miram o
lançamento de novos produtos, serviços ou unidades físicas.
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