Coluna Quebrando o Silêncio – Por Sara Pinto*
O crescente alarmante da violência contra a mulher: causas e reflexões
Nos últimos anos, os casos de
violência contra a mulher têm se tornado uma preocupação crescente em nossa
sociedade. Dados recentes revelam um aumento alarmante nas denúncias de
agressões, tanto físicas quanto psicológicas, deixando claro que o problema é
mais profundo do que muitos podem imaginar. Para entender as razões por trás
desse aumento, é preciso considerar uma combinação de fatores sociais,
culturais, econômicos e tecnológicos.
Um dos principais motores desse
aumento é a persistência de estruturas patriarcais que ainda vigem na
sociedade. A misoginia, que permeia diversas esferas da vida, fomenta uma
cultura de desrespeito e desvalorização das mulheres. Em muitos contextos,
ainda se perpetua a ideia de que a mulher deve ocupar um papel submisso, o que
leva a um ciclo de violência onde os agressores se sentem legitimados em suas
ações. Essa mentalidade é alimentada por tradições e normas sociais que não
apenas toleram, mas muitas vezes justificam comportamentos abusivos.
Além disso, a crise
econômico-social que o Brasil enfrenta tem contribuído para o aumento da
violência. Em tempos de instabilidade econômica, as tensões familiares e
sociais aumentam, resultando em um ambiente propício para a violência. A falta
de recursos, o desemprego e a incerteza quanto ao futuro fazem com que as
relações interpessoais se tornem mais tensas e conflituosas. Muitas vezes, as
mulheres, que já ocupam posições vulneráveis, se tornam alvos fáceis de
agressões, tanto por parte de parceiros quanto de familiares.
Outro fator que não pode ser
ignorado é a ascensão das redes sociais e do uso da tecnologia. O ambiente
online, que deveria ser um espaço de liberdade e expressão, tem se mostrado um
terreno fértil para a violência psicológica e sexual. A disseminação de
conteúdos abusivos e o uso de plataformas digitais para assediar e humilhar
mulheres são questões que merecem atenção. O anonimato proporcionado pela
internet muitas vezes encoraja indivíduos a agir de maneira agressiva,
perpetuando a cultura de violência.
Além disso, a pandemia de
Covid-19 trouxe à tona um agravante que não pode ser subestimado: o
confinamento. Durante os períodos de isolamento social, muitas mulheres se
viram presas em lares com seus agressores, sem acesso a redes de apoio ou
serviços de ajuda. O aumento das chamadas para os centros de atendimento e as
denúncias de violência doméstica durante esse período evidenciam como a
situação se tornou crítica, expondo a fragilidade das mulheres em situações de
vulnerabilidade.
Por fim, a falta de informação e
educação sobre os direitos das mulheres e sobre o que caracteriza a violência
de gênero também é um fator que contribui para o aumento dos casos. Muitas
mulheres ainda não sabem que estão sendo vítimas de violência, ou sentem-se
desamparadas para buscar ajuda. Campanhas de conscientização e educação sobre
os direitos reprodutivos e a importância do respeito mútuo nas relações são
fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Em conclusão, o aumento dos casos
de violência contra a mulher é um reflexo de uma série de fatores interligados
que exigem nossa atenção e ação. É imperativo que a sociedade como um todo se
mobilize para enfrentar essa realidade, promovendo a igualdade de gênero, a
educação e a conscientização, e garantindo que as mulheres tenham acesso a
recursos e apoio adequados. Somente assim poderemos construir um futuro onde a
violência contra a mulher não seja mais uma triste realidade.
*Sara Pinto é advogada,
pós-graduada em previdência e tributário, especializada em ciências políticas,
criminal e previdência. Atuou como membro da Comissão de Direito Previdenciário
e Caasp pela OAB. Atuou como superintendente do Instituto de Previdência de
Americana.
Advogada junto VSP advocacia
www.vsp.com.br | (19)
3461-2253
Deixe um comentário