Pacientes de Monte Mor viajam para tratamento de câncer sem alimentação
Josiani Silva de Jesus, de 40 anos, do bairro Bela Vista, faz tratamento diário de câncer de mama em São Paulo e diz ficar dia todo sem comer porque a prefeitura não fornece nenhuma refeição; prefeito Murilo Rinaldo é cobrado
Paulo Medina | Tribuna Liberal
Pacientes oncológicos de Monte Mor que se deslocam a outras
cidades para tratamento têm enfrentado um desafio além da própria doença: a
ausência de alimentação durante as longas e cansativas viagens.
Uma das pacientes, Josiani Silva de Jesus, de 40 anos, do
bairro Bela Vista, afirma ficar o dia todo sem comer. Ela faz tratamento do
câncer de mama em São Paulo diariamente. Sai às 4h30 e retorna às 21h em uma
rotina de radioterapia.
“Fico o dia todo sem comer porque sou mãe solo e pago
aluguel, então acaba, não dá o dinheiro, fico sem comer e não recebo
alimentação da prefeitura. Agora vou todos os dias para São Paulo, saio às 4h30
e só retorno pra casa umas 21h, muitas vezes fico com fome”, relatou.
A situação foi levada à Câmara Municipal pela vereadora
Milziane Menezes (MDB), que cobra oficialmente o prefeito Murilo Rinaldo (PP)
solicitando que a prefeitura passe a oferecer alimentação aos pacientes com
câncer e seus acompanhantes em deslocamentos fora do município.
De acordo com a vereadora, muitos moradores precisam se
dirigir com frequência a centros especializados de outras cidades para
consultas, exames, sessões de quimioterapia ou radioterapia. No entanto, o
transporte fornecido pelo município não contempla qualquer forma de lanche ou
refeição, o que tem levado pacientes — já fragilizados pela doença e pelos efeitos
colaterais do tratamento — a realizar as viagens em jejum.
“A maioria dessas viagens acontece em horários críticos,
como o início da manhã ou durante a tarde, o que coincide com as principais
refeições. Muitos pacientes não têm condições financeiras de arcar com
alimentação fora de casa e acabam passando longos períodos sem se alimentar”,
destacou Milziane.
Quando transportados em horários de pico e veículos da
prefeitura transitam pela Rodovia Jornalista Francisco Aguirre Proença
(SP-101), por exemplo, a via apresenta congestionamentos diários no trecho
Hortolândia-Campinas, aumentando o tempo de viagem.
A parlamentar aponta que trata-se de uma questão de
dignidade. “Estamos falando de pessoas que enfrentam uma luta diária contra uma
doença extremamente debilitante. Garantir um lanche, ainda que simples, é um
gesto de humanidade e cuidado”, pontuou.
Milziane solicita que o Executivo acione os setores
competentes para implementar a distribuição de alimentação, ao menos em caráter
emergencial, enquanto estuda uma política pública permanente para esse grupo.
“A luta contra o câncer já é dura demais. Não podemos permitir que falte o mínimo para quem enfrenta essa batalha”, finalizou a vereadora.
OUTRO LADO
A Prefeitura de Monte Mor informou que “diferentemente de muitos municípios, a prefeitura cede os veículos para transportar os pacientes oncológicos até o local onde cada um realiza o seu tratamento”.
“Não medimos
esforços para oferecer o melhor meio de transporte a todos, temos inclusive
veículos adaptados. No entanto, no momento não há nenhuma lei municipal que
obrigue a prefeitura a oferecer alimentação a esses pacientes. Inclusive, vale
destacar que a viagem que esses pacientes fazem é de no máximo quatro horas”,
disse, por meio de nota.
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