Saúde
Hortolândia: faltas a exames e consultas no município gira em torno de 15% a 30%

Falta a consulta e exame chega a 30% e atrapalha atendimento do SUS na região

Pacientes que deixam de ir a procedimentos agendados nas unidades públicas de saúde, sem avisar, prejudicam o fluxo de atendimento de pessoas que estão na fila de espera e causam ônus financeiro para as secretarias de saúde da região

A fila de espera para consultas de especialidades médicas e exames sempre está entre as reclamações dos usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) da região e em todo o País. O que pouco se fala é sobre o grande índice de pessoas que agendam consultas e procedimentos nas unidades públicas de saúde e deixam de ir, sem avisar, o que impede que outras pessoas na fila de espera sejam atendidas no lugar. Na região, as faltas a consultas e exames, o absenteísmo, chegam a até 30% dos agendamentos, segundo as secretarias de Saúde de Sumaré, Hortolândia e Nova Odessa.

De acordo com a Secretaria de Saúde de Sumaré, a média de absenteísmo (falta) nas consultas de especialidade foi de 25% neste primeiro semestre. Já as ausências para atendimento médico nas unidades básicas de saúde foram de 10%. Doze por cento das pessoas que marcaram exames não compareceram para realizar os procedimentos.

As especialidades com maior número de faltas registradas no primeiro semestre em Sumaré foram neurologia adulto, pneumologia infantil e nutrição. “Devido às ausências e, consequentemente, à necessidade de remarcação, o andamento da fila de espera para agendamento torna-se mais lento”, informa nota da Secretaria, por meio da Assessoria de Imprensa.

O órgão acrescenta que, além de causar atrasos na fila de espera, a ausência sem aviso prévio gera impactos financeiros à Prefeitura, pois não há tempo hábil para repassar a vaga a outro paciente que aguarda atendimento.

A Secretaria de Saúde orienta os pacientes a avisarem com antecedência, por telefone ou presencialmente no setor de agendamento, caso não possam comparecer, permitindo que a consulta seja destinada a outra pessoa. Embora não apresente números gerais da rede, a Prefeitura de Nova Odessa informou que o alto índice de faltas a consultas e exames agendados é um dos maiores problemas da rede municipal de Saúde.

“É muito importante que todos os munícipes que usam o SUS, que utilizam nossas UBSs e o Ambulatório de Especialidades, que mantenham seus cadastros e telefones em dia”, afirma o secretário de Saúde, Lucas Bento, por meio da Assessoria de Imprensa.

Segundo o médico, a Prefeitura estuda a implantação de ferramentas digitais nas unidades básicas de Saúde que ajudem a reduzir a evasão com base na experiência positiva realizada no ambulatório de especialidades médicas (veja reportagem nesta página).

O absenteísmo também é recorrente nas unidades de saúde em Hortolândia. De acordo com a diretora de Atenção Especializada da Secretaria de Saúde, Fátima Gomes, em média, a taxa de absenteísmo no município gira em torno de 15% a 30%, dependendo do tipo de serviço e da especialidade médica.

“Quando um paciente falta numa consulta ou num exame médico, deixamos de oportunizar esses serviços para outra pessoa. Que também precisa ser atendida por estar numa situação ou com um quadro de saúde mais grave”, salienta a diretora.

Para diminuir as faltas a consultas e exames, a Secretaria de Saúde reforça para a população de Hortolândia ser responsável e comparecer na data marcada para a realização do serviço solicitado.

O absenteísmo é um desafio nos setores públicos e privados de saúde em todo o Brasil. Estudos identificaram que entre as principais causas para o não comparecimento a exames e consultas agendadas, sem avisar, estão: esquecimento; falha na comunicação entre o serviço de saúde e o usuário; paciente tem uma melhora do quadro e desiste da consulta; incompatibilidade de horário (muitas vezes por não poder faltar ao trabalho); paciente adoece ou tem uma piora do quadro no dia do atendimento agendado.

HORTOLÂNDIA REGISTRA 13 MIL FALTAS NO CENTRO DE ESPECIALIDADES MÉDICAS EM 2024

No ano passado, o CEM (Centro de Especialidades Médicas), localizado no bairro Jardim Green Park, em Hortolândia, agendou um total de 82.000 consultas e exames. O número de pacientes faltosos foi 13.000, segundo a diretora de Atenção Especializada da Secretaria de Saúde, Fátima Gomes.

Outro exemplo apontado pela diretora é o número de exames de ultrassom oferecidos pelo município em dezembro do ano passado. Dos 2.800 exames agendados, 445 pacientes não compareceram. Já na oferta de exames de mamografia, o absenteísmo está em torno de 25%. Dos 7.011 exames agendados, 1.775 pacientes faltaram ao procedimento.

“É importante que a população tenha a atitude de cidadania ao comparecer à consulta ou ao exame que agendou. Temos trabalhado para oferecer uma saúde mais humanizada para as pessoas. A partir dessa perspectiva, nosso foco é otimizar os recursos do município na saúde. Por isso, reforçamos a importância de a população evitar faltar em consulta ou exame. O absenteísmo provoca desperdício de recursos públicos do município”, reforça a diretora.

Caso não seja possível comparecer na data marcada da consulta ou do exame, a diretora orienta para que o paciente comunique a falta com antecedência. “Ao fazer isso, podemos agendar o próximo paciente que está na fila de espera”, explica Fátima.

Outra orientação é para que o paciente justifique o motivo da falta. Ao fazer isso, a falta será avaliada pelo médico ou profissional de saúde que atende o paciente, e dependendo do caso, a consulta ou o exame poderão ser remarcados.

Se o paciente faltar à consulta ou ao exame, volta para o fim da fila e terá que aguardar nova data disponível para ser atendido. “Por isso, reforçamos para que a população compareça na data agendada e evite faltar. É importante que as pessoas tenham esse comprometimento”, assinala Fátima.          

NOVA ODESSA ESTUDA USO DE ASSISTENTE VIRTUAL EM UBSs PARA REDUZIR AUSÊNCIA DE PACIENTE

Em Nova Odessa, a Prefeitura conseguiu reduzir o índice de faltas a consultas e exames no Ambulatório de Especialidades Médicas da Avenida João Pessoa, ao lado do Hospital e Maternidade Municipal, com a adoção do CADU (Central de Atendimento Digital UniCidadão), um assistente virtual para confirmação de consultas médicas via WhatsApp. Antes, o índice de faltas chegava a 60%. Agora, a secretaria estuda formas de estender o funcionamento do CADU ou outra ferramenta similar às UBSs (Unidades Básicas de Saúde).

De acordo com a Assessoria de Imprensa, a ferramenta online permite que a equipe da Regulação envie mensagens automáticas para confirmações de consulta ao número de celular cadastrado do paciente. Os pacientes então respondem confirmando, cancelando ou reagendando a consulta – tudo via WhatsApp.

Os que não responderam às mensagens de confirmação entram em uma “esteira manual” de ligações, realizadas através do WhatsApp pela equipe da Central de Regulação da Secretaria de Saúde.

“Assim, diminui-se cada vez mais a evasão (falta não avisada) dos pacientes nas consultas agendadas. Mas mesmo com a CADU ainda tem gente que confirma e não vai, infelizmente”, completou o secretário de Saúde de Nova Odessa, Lucas Bento.

Secretário planeja usar ferramentas digitais para reduzir faltas a consultas e exames na rede municipal de saúde

Embora não apresente números gerais da rede, a Prefeitura de Nova Odessa informou que o alto índice de faltas a consultas e exames agendados, por parte dos pacientes, é um dos maiores problemas da Rede de Saúde de Nova Odessa, atualmente.

Como exemplo, a Secretaria detalhou os números de absenteísmo (faltas) na UBS (Unidade Básica de Saúde) 5, do Jardim Alvorada e região, onde quase 30% dos agendamentos realizados são perdidos devido às ausências não informadas dos próprios pacientes. No município existem sete UBSs.

Durante todo o mês de maio, a UBS 5 agendou 1.055 consultas, em três especialidades. Desse número, 291 pacientes faltaram sem avisar, o equivalente a 27,6% de absenteísmo. Foram 183 faltas em 703 consultas com médicos generalistas, 63 faltas em 179 consultas agendadas com pediatras e 45 faltas em 173 consultas agendadas com ginecologistas.

“Isso é considerado uma taxa de absenteísmo muito alta, o que acaba prejudicando um grande transtorno nas agendas e tirando a oportunidade de outras pessoas serem atendidas com mais agilidade. Daí a importância de ligar para desmarcar caso não seja possível a presença na consulta”, acrescentou a coordenadora da Unidade Básica do Alvorada, Juliana da Silva, por meio da Assessoria de Imprensa.         

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