Política
Executivo propõe cartão com benefícios e saques, mas sindicato está apreensivo com margem consignável

Projeto que aumenta margem para endividamento de servidor público preocupa sindicato em Monte Mor

Prefeito Murilo Rinaldo protocolou em regime de urgência na Câmara proposta de lei que cria o ‘cartão consignado de benefício’ para servidores públicos municipais; SINDSMOR, contudo, analisa medida com cautela e menciona dívidas

A Prefeitura de Monte Mor encaminhou à Câmara um projeto de lei que institui o “cartão consignado de benefício” para os servidores públicos municipais. A proposta permite que até 20% da margem consignável — parte do salário que pode ser usada para empréstimos com desconto em folha — seja destinada exclusivamente a operações com o novo cartão.

No entanto, segundo o SINDSMOR, que é o sindicato da categoria, a proposta representa mais do que a criação de um novo instrumento financeiro. Para o sindicato, ela aumenta de forma perigosa a margem total de endividamento dos servidores municipais, passando de 30% para 50% do salário comprometido com consignados — algo que pode agravar ainda mais o quadro de superendividamento da categoria, segundo o sindicato.

“Nossa maior preocupação não é o uso do cartão em si. É que o projeto aumenta a margem consignável total de 30% para 50%. A maioria dos servidores já está no limite atual, e agora pode ser seduzida a comprometer mais 20% do salário. Isso pode levar a um agravamento ainda maior da situação financeira e emocional dos trabalhadores”, alertou o diretor do SINDSMOR, Adelício Paranhos.

Conforme o dirigente sindical, muitos dos atendimentos feitos pelo sindicato estão diretamente ligados a problemas de saúde mental e dificuldades no ambiente de trabalho provocadas pelo endividamento.

“O servidor chega aqui com queixas de saúde, problemas no trabalho, na família… Quando vamos analisar, descobrimos que muitos desses problemas têm origem em dívidas excessivas. E isso tem se agravado nos últimos anos. Por isso, um projeto como esse não pode ser aprovado sem amplo debate”, reforçou Paranhos.

Educação financeira

Além de solicitar a retirada do regime de urgência do projeto, o sindicato também reivindica que a prefeitura crie um programa permanente de educação financeira voltado aos servidores.

“Se a prefeitura quer ampliar o acesso ao crédito, ela também precisa garantir condições para que esse crédito seja usado de forma consciente. Defendemos que esse projeto seja discutido com calma e que venha acompanhado de um programa educativo, com profissionais especializados, para orientar os servidores sobre planejamento financeiro, controle de gastos e alternativas de investimento”, explica o diretor.

O SINDSMOR já oficiou a prefeitura e também planeja encaminhar um ofício aos vereadores, alertando para os riscos da proposta.

O que diz o projeto

De acordo com o texto apresentado, as instituições financeiras interessadas em operar o cartão consignado deverão aderir à Autorregulação de Crédito Consignado da Febraban. Os saques emergenciais não poderão ter juros rotativos, com parcelas fixas, e serão limitados a 70% do limite do cartão.

Além disso, os valores contratados deverão ser depositados integralmente na conta do servidor, sem descontos prévios. O cartão ainda prevê benefícios como seguro de vida, assistência funeral, telemedicina e descontos em farmácias. Na justificativa do projeto, o prefeito Murilo Rinaldo (PP) argumenta que a medida amplia o acesso a crédito com mais segurança, agregando benefícios gratuitos ao servidor.


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