Polícia
Estabelecimento foi mencionado pela Justiça em esquema que envolve adulteração e fraudes fiscais

Posto de combustível de Sumaré é citado em investigação contra o PCC

Operação Carbono Oculto identificou estabelecimentos do setor que teriam ligação direta com as investigações, entre eles o Auto Posto Texas, na Avenida da Amizade; facção criminosa usava postos para lavar dinheiro em grande escala

A maior ofensiva já realizada contra o Primeiro Comando da Capital (PCC) revelou que a facção criminosa usava o setor de combustíveis para lavar dinheiro em grande escala. Batizada de Operação Carbono Oculto, a ação identificou postos de combustíveis que teriam ligação direta com as investigações, entre eles o Auto Posto Texas, localizado na Avenida da Amizade, em Sumaré.

De acordo com a Receita Federal, a organização criminosa movimentava recursos ilícitos por meio de uma rede que ultrapassa mil postos de combustíveis espalhados pelo país. O dinheiro era recebido em espécie ou através de maquininhas de cartão e depois repassado para contas controladas pelo grupo.

A operação mobilizou cerca de 1.400 agentes de diversas instituições, incluindo Ministério Público, Polícia Federal, polícias Civil e Militar, Receita Federal, Secretaria da Fazenda, ANP (Agência Nacional do Petróleo) e Procuradoria-Geral do Estado. A ação foi deflagrada na semana passada simultaneamente em oito estados, entre eles São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Mato Grosso.

Segundo as apurações, o esquema tinha como eixo central a importação irregular de metanol pelo Porto de Paranaguá (PR). O produto, altamente inflamável e tóxico, era desviado e transportado de forma clandestina, abastecendo postos e distribuidoras usados pelo PCC para adulterar combustíveis. Tal prática ampliava os lucros da facção e colocava em risco consumidores e o meio ambiente.

As investigações apontam ainda que em mais de 300 postos investigados foram detectadas fraudes duplas: quantitativas, quando o consumidor recebia menos combustível do que pagava; e qualitativas, quando o produto era adulterado e não atendia às normas técnicas da Agência Nacional do Petróleo. Além disso, comerciantes que venderam seus postos para integrantes do esquema denunciaram que não receberam os valores combinados e chegaram a ser ameaçados de morte.

Para ocultar os reais beneficiários, os valores obtidos eram pulverizados em uma rede de empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs ligadas ao crime. Parte do dinheiro foi direcionada para a compra de usinas sucroalcooleiras, distribuidoras e transportadoras, ampliando a estrutura empresarial dominada pelo PCC.

O impacto econômico é considerado gigantesco. O Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo (CIRA/SP) estima que o montante de tributos sonegados ultrapasse R$ 7,6 bilhões. Para conter os prejuízos, a Justiça já determinou o bloqueio de bens e ativos vinculados às empresas e pessoas físicas investigadas. A reportagem não conseguiu contato no estabelecimento para comentar a apuração.

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