Polícia
Menina foi encontrada mutilada em Lagoa do Jardim Amanda, em Hortolândia

Menores suspeitos de matar Nicolly Pogere são apreendidos no Paraná

A Polícia Civil de Hortolândia apreendeu um casal de adolescentes de 15 e 17 anos, neste domingo (20), na cidade de Cornélio Procópio, no Paraná, acusado de matar e mutilar Nicolly Pogere, de 15 anos, encontrada às margens da lagoa do Jardim Amanda, na sexta-feira (18). A polícia trabalha com a hipótese de que os suspeitos premeditaram o crime. Ambos confessaram o assassinato.

Com apoio operacional da Polícia Civil do Estado do Paraná, policiais civis de Hortolândia deram cumprimento ao mandado de busca e apreensão expedido pela Vara da Infância e Juventude da cidade contra o casal. A ação interestadual foi resultado de intenso trabalho de inteligência policial e cooperação entre os estados. Os menores estavam escondidos no interior paranaense após fugirem de Hortolândia depois do crime. 

 Acusados de matar Nicolly Pogere, de 15 anos, foram apreendidos em Cornélio Procópio

As investigações apontaram que a avó materna de um dos adolescentes prestou auxílio direto à fuga e ocultação dos envolvidos, fornecendo abrigo aos dois foragidos em sua residência. No momento da apreensão, os adolescentes estavam com dois aparelhos celulares, que foram devidamente apreendidos e serão analisados no curso das investigações.

Os adolescentes são apontados como autores de feminicídio, com fortes indícios de motivação passional e extrema crueldade. A vítima foi encontrada na lagoa do Jardim Amanda, parcialmente esquartejada, envolta em lençóis com pedras e lona, com sinais de múltiplas perfurações e traumatismo craniano. Nas costas da vítima, havia ainda uma inscrição com as iniciais “PCC”, em aparente tentativa de simular relação com organização criminosa e dissimular a motivação real do crime.

A Polícia Civil prossegue com as diligências para esclarecer integralmente os fatos e identificar eventual participação de terceiros na execução do delito ou no auxílio à fuga dos autores. Manchas de sangue foram encontradas na casa do adolescente, desencadeando a suspeita.

Enterro e protestos

Nicolly Pogere foi enterrada na manhã deste domingo, no Cemitério Municipal de Mococa, sob forte comoção. Sem velório, a despedida foi marcada por homenagens, protesto e a presença de familiares e amigos devastados com a brutalidade do crime.

A mãe da adolescente declarou que vai levar a filha sempre com ela. “A pior dor que uma mãe pode passar. Luto eterno. Você será amada e lembrada para sempre meu amor, minha princesa, minha riqueza, meu tudo. Justiça seja feita para esses monstros e todos que acobertaram. Nada vai te trazer pra mamãe de volta, mas vamos lutar por justiça. Eu vou honrar seu nome para sempre e vou levar você comigo onde eu for, você sempre foi o motivo de me manter viva e vai continuar sendo, pelo seu irmão, pela família, por todos que te amam. Não sei como sobreviver a isso, mas estou tentando, por você, minha bonequinha, a menina que me ensinou ser mãe, mulher, me ensinou a ser forte, me fez quem sou hoje. O que me mantém é saber que você foi cercada de amor e só viveu coisas boas. Você continuará sendo sempre a minha luz nessa escuridão”, finalizou Priscila Magrin.

Sem velório, a despedida foi marcada por homenagens, protesto e a presença de familiares e amigos

Cartazes, balões brancos e um cortejo silencioso acompanharam o sepultamento da adolescente. A mãe segurava uma foto da formatura do nono ano da filha e um ursinho de pelúcia. Em meio às lágrimas, familiares cantaram “Um anjo do céu”, da banda Maskavo, música que ela costumava entoar para Nicolly ainda na gravidez. “A última foto que minha filha me mandou foi sorrindo, antes de desaparecer. Ela me perguntou: ‘mãe, estou bonita?’ Ela ia ver o moço”, contou Priscila, em prantos. Em uma publicação nas redes sociais, ela escreveu: “A pior dor que uma mãe pode passar”.

FAREJADOR

O corpo da adolescente foi localizado com a ajuda do cão farejador Thor, da Guarda Municipal de Hortolândia. O animal foi guiado por roupas levadas pelo avô da vítima e localizou o cadáver após três horas e meia de buscas.

PEDIDO DE AFASTAMENTO

De acordo com a polícia, a inscrição “PCC” foi encontrada nas costas de Nicolly, feita com arma branca. A principal hipótese é que a marca tenha sido usada para simular uma ligação com uma facção criminosa, a fim de despistar a verdadeira motivação do crime. O pai do namorado reconheceu os lençóis e a lona usados para ocultar o corpo. “O crime foi cometido com requintes de crueldade. Aparentemente, foi planejado. É difícil a sociedade absorver uma situação dessas”, afirmou Joldemar Corrêa, secretário de Segurança Pública de Hortolândia.

Segundo o padrasto da vítima, Nicolly e o namorado se conheciam desde a infância, quando estudaram juntos. O namoro à distância começou após a mudança da família da jovem para Mococa. No fim de junho, ela viajou a Hortolândia para visitar o avô e reencontrar o namorado nas férias.

Ela passou dois dias na casa dele e deveria retornar ao avô no dia 14 de julho. No entanto, a família perdeu contato com a menina. O avô registrou o desaparecimento na delegacia após o adolescente afirmar que havia terminado o namoro e que Nicolly teria saído de sua casa no dia 12.

Nicolly era descrita por parentes como uma jovem doce, estudiosa, amorosa e muito ligada à família. Desenhava bem e sonhava com o futuro. O caso foi registrado como feminicídio e segue sob investigação.



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