Ex-secretário de Educação de Luiz Dalben teria direcionado licitações em troca de propina, diz investigação
Em escândalo nacional, mandado de prisão contra ex-servidor não foi cumprido e ele segue foragido; Polícia Federal revelou indício de sobrepreço em contratos públicos de até 35 vezes o valor real de produtos em prefeituras da região
A operação da PF (Polícia Federal) que prendeu o vice-prefeito de Hortolândia Cafu César (PSB) também colocou sob evidência agentes públicos de Sumaré, como o ex-secretário municipal de Educação José Aparecido Ribeiro Marin, que liderou a pasta na gestão do ex-prefeito Luiz Dalben (PSD).
Apontado como articulador local do esquema de fraudes em
contratos públicos, Marin é suspeito, segundo a investigação, de direcionar
licitações e liberar pagamentos à empresa Life Tecnologia Educacional em troca
de propina. Embora alvo de mandado de prisão preventiva, ele não foi localizado.
Segundo a investigação, Marin atuou para favorecer a Life em
troca de propina, garantindo que a empresa vencesse concorrências e recebesse
liberações financeiras. A apuração aponta que o sobrepreço praticado pela Life
chegava até 35 vezes o preço de aquisição do produto comercializado para
prefeituras, em contratos firmados entre 2020 e 2021.
A investigação também identificou a participação de dois
professores da rede municipal de Sumaré, que assinaram documentos
desclassificando empresas concorrentes da Life. Um deles teria recebido R$ 24
mil; o outro, R$ 14 mil. Ambos foram alvos de mandados de busca e apreensão.
Além disso, uma servidora do Centro de Formação de Educadores Municipais teria
recebido R$ 187 mil a partir de outubro de 2021. Ela também teve endereço
vistoriado pela PF.
Investigação aponta que dois professores de Sumaré teriam
atuado no esquema e que receberam dinheiro ilegal
Cumprido na sede da Prefeitura de Sumaré, mandado de busca
recolheu documentos, computadores, mídias eletrônicas e processos
administrativos ligados aos contratos da Life. As apurações se referem ao
período da gestão do ex-prefeito Luiz Dalben, responsável pelas contratações
sob suspeita.
A atual administração afirmou colaborar integralmente com a
PF, reforçando que nenhum dos contratos investigados pertence ao governo atual.
O ex-prefeito Luiz Dalben disse que tomou ciência das ações que foram conduzidas pelas autoridades na Prefeitura Municipal de Sumaré pela imprensa. Salientou que não recebeu qualquer notificação, nada constando contra sua pessoa. Reforçou ainda que, durante sua gestão, o trabalho sempre foi orientado e pautado pelos princípios da legalidade e moralidade.
HORTOLÂNDIA
A mesma operação resultou na prisão do vice-prefeito de Hortolândia, Cafu César, e do secretário de Educação da cidade, Fernando Moraes. Em Hortolândia, agentes recolheram documentos nas secretarias de Educação e Governo e em processos vinculados à empresa, que ainda mantém contrato ativo até o fim das investigações.
BUSCA E APREENSÃO
O secretário de Habitação de Hortolândia, Rogério Mion, foi alvo de busca e apreensão, segundo a PF. A Prefeitura de Hortolândia afirmou ter sido “surpreendida com a ação da Polícia Federal”, e garantiu que colaborou integralmente com as autoridades, entregando todos os documentos solicitados. A defesa de Cafu tenta reverter a prisão preventiva. Hortolândia comprou mais de R$ 57,9 milhões em kits de robótica e materiais da empresa Life desde 2020.
FASE PERICIAL
Com a apreensão de celulares, computadores e processos
administrativos, a PF inicia agora a fase de análise pericial, que pode
aprofundar suspeitas de corrupção, direcionamento de licitação e
superfaturamento. A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Marin para
comentar a investigação.
SUSPEITO DE COMANDAR REDE DE FRAUDES OSTENTAVA VIDA DE LUXO
A investigação da Polícia Federal revela que o empresário
André Gonçalves Mariano, identificado como o articulador central do esquema de
irregularidades em contratos da área da educação usando prefeituras da região,
mantinha um padrão de vida marcado pelo luxo e pelo alto consumo. Documentos e
relatórios apontam que ele possuía um apartamento avaliado em cerca de R$ 10
milhões em São Paulo, utilizava uma coleção de veículos BMW e chegava a
desembolsar até R$ 115 mil apenas em garrafas de vinho.
Empresário tem carros caros e garrafas de vinho com valores elevados
Mariano é dono da empresa Life Tecnologia Educacional, que,
segundo a PF, servia como base operacional para práticas ilegais. A companhia
teria sido usada para inflar valores de licitações públicas, convertendo parte
dos recursos em lucros ilegítimos.
A investigação também indica que o empresário atuava na distribuição de propina para servidores e operadores políticos, garantindo vantagens indevidas na contratação de serviços educacionais por diferentes prefeituras. A operação deflagrada nesta quarta-feira (12) resultou na prisão preventiva de Mariano.
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