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Saneamento básico de Americana passa por análise de concessão para a iniciativa privada

TCE-SP suspende PMI, que estuda concessão do DAE em Americana

Conselheiro da Corte de Contas, Dimas Ramalho, avaliou que houve problemas na seleção dos interessados e nos parâmetros técnicos do procedimento; tribunal deu dez dias para prefeitura apresentar as justificativas pertinentes

O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) suspendeu o Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) que analisa a concessão do Departamento de Água e Esgoto (DAE) de Americana. O despacho, assinado pelo conselheiro Dimas Ramalho, interrompe a análise do projeto conduzido pelo consórcio contratado pela Prefeitura de Americana neste ano.

Segundo o despacho, o TCE verificou problemas nos critérios de seleção e possível falta de parâmetros técnicos que assegurem a isonomia entre os participantes do chamamento público. O tribunal também apontou que o modelo de remuneração estabelecido no edital pode impactar indiretamente as finanças públicas, ainda que o pagamento seja realizado pelo futuro concessionário e não pela prefeitura.

“Embora o custo da retribuição pecuniária não recaia diretamente sobre a Administração, essa realidade não afasta a incidência do controle externo. O ressarcimento pela realização dos estudos constitui efetiva redução do valor de outorga e, portanto, afeta, de forma indireta, a política tarifária e o equilíbrio econômico-financeiro do contrato”.

O conselheiro também citou precedentes do Tribunal de Contas da União (TCU) para sustentar que o valor de reembolso previsto ao consórcio deve ser “objetivamente balizado, com memória de cálculo fundamentada e compatível com os custos reais e o risco do serviço”.

O despacho menciona ainda possível sobreposição com estudos anteriores contratados pela prefeitura junto à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em 2022, no valor de quase R$ 2 milhões. Essa duplicidade, segundo o despacho, precisa ser melhor explicada.

“Remanescem questionamentos de relevo, sem prejuízo de que posterior instrução aprofunde todos os pontos impugnados. O cenário de irregularidade demanda a tutela preventiva desta Corte para garantir que os resultados de eventual contrato não sejam prejudicados por um procedimento não aderente à matriz legal”, afirmou Ramalho.

O TCE determinou que o município suspenda as deliberações envolvendo o PMI. Também fixou um prazo de dez dias úteis para que a prefeitura encaminhe cópia do edital, anexos e as justificativas plausíveis.

A Prefeitura de Americana vai esperar a notificação oficial para responder o assunto diretamente nos autos do processo.

LIMINAR CASSADA

No mês passado, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), por meio da desembargadora Cynthia Thomé, relatora da 2ª Câmara de Direito Público, concedeu efeito suspensivo em agravo de instrumento movido pela Prefeitura de Americana. A decisão derrubou a liminar que havia suspendido o PMI 01/2025, destinado à contratação de empresa para elaborar estudos de viabilidade técnica, econômico-financeira e jurídica sobre a futura concessão dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário do município.

Segundo a relatora, não ficou configurado o risco de dano ao patrimônio público, requisito essencial para a manutenção da suspensão. Assim, foi autorizada a retomada dos trabalhos previstos no PMI. No recurso, a administração municipal ressaltou que não há desembolso de recursos públicos na fase de estudos, já que os custos serão ressarcidos exclusivamente pelo vencedor da futura licitação, caso o projeto seja aproveitado. 

O valor estimado dos estudos é de R$ 3 milhões, com previsão de remuneração adicional de 3% da outorga excedente. Outro ponto defendido foi que não houve favorecimento de empresas: 17 grupos manifestaram interesse no chamamento público, o que indica ampla concorrência.

DAE DIZ QUE INTERMITÊNCIA NO ABASTECIMENTO CONTINUA EM AMERICANA

O Departamento de Água e Esgoto (DAE) de Americana informou que, às 8h30 desta segunda-feira (6), os reservatórios do município contabilizavam apenas 12 milhões de litros de água. O volume é muito abaixo do ideal, que seria de 36 milhões de litros, o que reforça a gravidade da escassez hídrica enfrentada pela cidade.

“Hoje, nesse cenário, a falta de água tem sido generalizada em diferentes pontos do município, causando intermitência em todas as regiões, especialmente nas áreas mais altas”, disse.

A autarquia ressaltou que os locais com mais dificuldade no abastecimento poderiam variar e também que essa avaliação das regiões mais afetadas é feita com base nos níveis de água dos reservatórios que abastecem as regiões da cidade. Residências com caixas d’água maiores devem sentir menos a falta de água.

Reservatórios contabilizam volume muito abaixo do ideal; escolas e entidades recebem caminhão-pipa

A Prefeitura de Americana decretou, no dia 30 de setembro, estado de emergência hídrica, medida que permite a adoção de ações emergenciais como reforço no combate a vazamentos, contratação de caminhões-pipa para atendimento em áreas específicas e intensificação das campanhas de conscientização sobre o uso racional da água.

O DAE reforça que a estiagem prolongada e a baixa qualidade da água captada do Rio Piracicaba têm prejudicado o processo de tratamento, reduzindo significativamente a oferta de água para abastecimento.

“A autarquia pede a colaboração da população para que adote práticas de economia e conservação da água, utilizando o recurso de maneira consciente até que a situação se normalize com a retomada das chuvas”, informou.



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