Nove motos são emplacadas a cada 24 horas em Sumaré e Hortolândia
Cidades registram mais vendas de motocicletas do que de
carros em 2025 e associação aponta alta de quase 8% nas motos em comparação ao
ano passado; em Sumaré, elas já ultrapassam carros em 78 unidades, diz
levantamento
As cidades de Sumaré e Hortolândia, as duas maiores da
Região Metropolitana de Campinas (RMC), atrás apenas da metrópole, vivem um
verdadeiro boom na venda de motocicletas. De janeiro a maio deste ano, as motos
conquistaram tanto espaço no mercado a ponto de superarem as vendas de carros
nas duas cidades, segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição
de Veículos Automotores). Em média, Sumaré e Hortolândia emplacam nove motos a
cada 24 horas.
Em Hortolândia, foram emplacadas 679 motocicletas, contra
432 automóveis nos primeiros cinco meses de 2025 — uma diferença de 247
unidades. Já em Sumaré, a liderança também é das duas rodas: 696 motos vendidas
ante 618 carros.
A Fenabrave aponta que o mercado de motos teve crescimento de quase 8% no acumulado do ano, mesmo com dias úteis a menos em relação ao mesmo período de 2024. Para o presidente da entidade, Arcelio Junior, os números mostram um movimento satisfatório, mas fatores econômicos podem interferir nas projeções para o restante do ano. A escolha pelas motos reflete uma combinação de economia, mobilidade e praticidade. Muitos consumidores têm buscado alternativas mais acessíveis ao carro para fugir do trânsito e reduzir custos com combustível e manutenção.
“Eu gastava quase R$ 1.000 por mês só de combustível com o carro. Com a moto, gasto menos da metade e ainda chego mais rápido ao trabalho”, conta o técnico de informática João Almeida, de 34 anos, morador de Sumaré. Em Hortolândia, a vendedora Patrícia Ferreira, de 29 anos, também optou pela moto para facilitar o dia a dia. “Antes, eu dependia muito de ônibus ou pegava carona. Agora, com a moto, tenho liberdade para me locomover e economizo muito”, relata.
FROTA
A frota da região passou da marca de 548 mil veículos, segundo dados do Ministério dos Transportes. Com isso, a região atinge uma média de 0,69 veículo por habitante. O aumento da frota corresponde a um crescimento de 4,74% . O avanço coloca a mobilidade urbana como um dos principais gargalos regionais para os próximos anos. Sumaré lidera com 208.243 veículos registrados, sendo 130.201 carros e 35.100 motos. Hortolândia aparece em seguida com 151.575 veículos, dos quais 98.065 são carros e 25.290 motocicletas.
Especialistas apontam diversos fatores para explicar esse crescimento acelerado. O primeiro deles é o avanço da urbanização e o aumento populacional da região, impulsionados pela presença de polos industriais, centros logísticos e universidades. Além disso, a oferta ainda limitada de transporte público de qualidade, especialmente em bairros mais afastados ou durante horários alternativos, faz com que muitas pessoas optem pelo transporte individual. Outro ponto é o fácil acesso ao crédito e ao financiamento de veículos, com taxas mais acessíveis.
O pesquisador do Programa de Pós-doutorado em Engenharia de
Transportes da Unicamp, Luiz Vicente Figueira de Mello Filho, afirmou que os
desafios impostos pela alta da frota são os municípios realizarem licitações e
editais de transporte público que sejam atrativos tanto para quem está
contratando, como as prefeituras, como também para atrair moradores a voltarem
a utilizar o transporte público. O especialista citou que as pessoas estão
intensificando o uso dos automóveis e das motocicletas, o que tem impactado
“bastante” o trânsito das cidades da região.
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