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Unidade pausará temporariamente por questões mercadológicas que estão fora do controle da companhia

Klabin suspende operação em Paulínia por cenário negativo de papel reciclado

Além da baixa rentabilidade do papel reciclado, empresa vinha enfrentando alta nos custos das aparas e queda na demanda; apesar da suspensão, Klabin garantiu que os compromissos com os clientes continuam sendo cumpridos

A Klabin, maior produtora de papeis para embalagens do Brasil, decidiu interromper temporariamente as atividades de sua unidade em Paulínia por motivos ligados à baixa rentabilidade da produção de papel reciclado. O anúncio foi feito aos funcionários nesta semana. Não há informações sobre provável número de demissões.

A fábrica, que passou a integrar o portfólio da Klabin após a aquisição dos ativos da International Paper em 2020, já operava com capacidade reduzida desde o ano passado. Com um potencial anual de produção de 65 mil toneladas, a planta vinha funcionando em três turnos até a decisão de paralisação.

A medida reflete as atuais dificuldades enfrentadas pelo setor de reciclados. O custo das aparas, principal insumo obtido a partir de resíduos de papel, subiu de forma significativa nos últimos anos — superando inclusive a inflação. Em contrapartida, a demanda por papel reciclado caiu, pressionando as margens de lucro e tornando a operação menos viável economicamente.

Outro fator que contribuiu para a pausa foi a valorização do kraftliner, papel produzido a partir de fibras virgens, que ganhou competitividade com a desvalorização cambial. Com isso, o mercado passou a priorizar produtos com maior margem de retorno, reduzindo ainda mais o espaço para o reciclado em unidades com menor integração produtiva.

Apesar da suspensão, a Klabin garantiu que os compromissos com os clientes continuam sendo atendidos por meio de outras unidades em operação. A fábrica localizada em Piracicaba, por exemplo, segue em atividade. A paralisação é de caráter temporário e ocorre por motivos mercadológicos fora do controle da empresa, que deve seguir monitorando o mercado e avaliando cenários para a retomada das operações em Paulínia.

“A Klabin informa que a divisão de Papeis Reciclados da Unidade Paulínia pausará temporariamente suas operações. A decisão foi tomada por questões mercadológicas que estão fora do controle da Companhia. A Klabin possui um modelo de negócio integrado, diversificado e flexível e destaca que a suspensão temporária das operações dessa Unidade não impacta no fornecimento aos clientes da empresa. A Companhia está comprometida em conduzir esse momento com suporte e respeito aos profissionais impactados”, informou, em nota.

Cenário de 2023

No fim de 2023, a Klabin havia confirmado ao Tribuna Liberal a suspensão, por tempo indeterminado, das operações da Divisão de Papeis Reciclados, em Paulínia, e a demissão de cerca de 100 colaboradores. O motivo da suspensão e dos desligamentos é que a Klabin faz de forma permanente o acompanhamento de mercado de papel e celulose no cenário mundial e a decisão tomada pela empresa estava relacionada a questões mercadológicas e visava estabilizar os estoques da companhia.

Conforme informações da empresa, a Klabin comprou a unidade de Paulínia em outubro de 2020, como parte de um plano de expansão. A planta fica no bairro Bela Vista.

A Klabin conta com 24 unidades industriais, das quais 23 estão localizadas no Brasil e uma na Argentina. Sua capacidade produtiva ultrapassa 3 milhões de toneladas anuais, com destaque para os papeis voltados à fabricação de embalagens — como kraftliner, fluting e papel-cartão — que são o principal pilar de sua estratégia de expansão.

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