Justiça libera audiência para alienação da sede do IZ, em Nova Odessa
TJ-SP exige que Estado apresente plano de ação sobre reflexo nas pesquisas com venda de áreas experimentais da Agricultura; decisão também impõe apresentação de estudo econômico que motiva comercialização e dados
Paulo Medina | Tribuna Liberal
O desembargador-relator Kleber Leyser de Aquino, do Tribunal
de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), liberou a audiência pública para
debater a proposta de alienação de 35 imóveis utilizados para atividades de
pesquisa agropecuária no Estado. A permissão da audiência tratará da venda da
sede do Instituto de Zootecnia (IZ), em Nova Odessa, localizada na Rua Heitor
Penteado.
O Tribunal de Justiça determinou que o Estado apresente à
comunidade científica um plano de ação sobre as pesquisas realizadas nas áreas
experimentais que o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) pretende
vender. No último dia 11, a Justiça de São Paulo acolheu pedido da Associação
dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) e suspendeu a
audiência pública que discutiria a alienação das áreas. O Estado recorreu da
decisão e conseguiu reverter parcialmente a liminar que impedia a audiência
pública.
Na decisão, além de exigir o plano de ação sobre pesquisas,
o desembargador também estabeleceu que o Estado apresente, com no mínimo dez
dias de antecedência de uma nova audiência pública, um estudo econômico que
justifique a proposta de venda das áreas de pesquisa e o tamanho das áreas que
serão alienadas.
“Esses eixos informativos são essenciais a fim de respaldar
a opinião da comunidade científica sobre a proposta de venda, tendo em vista
ainda os impactos que ela pode causar no trabalho desenvolvido pelos institutos
científicos”, escreveu o magistrado.
“É uma decisão fundamental para garantir transparência neste
processo, uma vez que ele vinha sendo realizado sem apresentação de estudos que
orientem as decisões do governo, com riscos flagrantes à produção de
conhecimento”, afirma Helena Goldman, advogada da APqC.
No recurso ao TJ-SP, o Estado confirma que pretende vender
1.300 hectares dedicados à pesquisa agropecuária. A lista de fazendas
experimentais inclui propriedades espalhadas por diferentes regiões do Estado,
dedicadas à produção de conhecimento em diferentes áreas da agricultura, como
cana-de-açúcar, amendoim, café, citrus, pecuária, uva, dentre outras.
“Quando São Paulo enfrentou a crise do café, as pragas da
laranja – ainda presentes nos laranjais, foi a pesquisa feita pelos institutos
públicos que orientou a tomada de decisão. Sem pesquisa não há futuro”,
ressalta Helena Dutra Lutgens, presidente da APqC. “Governos são passageiros,
mas o patrimônio público dedicado à ciência deve ser preservado e ampliado,
especialmente em momentos em que a sociedade é desafiada com o avanço da
emergência climática”, afirmou.
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