Justiça condena associação acusada de fraude no INSS a indenizar sumareense
Juiz reconheceu irregularidade em descontos realizados no benefício previdenciário de aposentada e impôs indenização por danos morais; caso é reflexo de escândalo nacional que envolve 12 entidades sob investigação a rombo de R$ 6 bilhões
Paulo Medina | Tribuna Liberal
A 2ª Vara Cível de Sumaré condenou a Associação de
Aposentados Mutualista para Benefícios Coletivos (AMBEC) a indenizar uma idosa
da cidade, após reconhecer a prática de descontos indevidos no benefício
previdenciário da aposentada R.A.S. A. A sentença declara inexistente qualquer
vínculo jurídico entre a idosa e a entidade, além de determinar a devolução em
dobro dos valores subtraídos e o pagamento de R$ 15 mil por danos morais.
Segundo os autos, a sumareense começou a perceber, desde
dezembro de 2023, descontos mensais de R$ 45,00 sob a rubrica “Contribuição
AMBEC” em seu extrato do INSS, sem jamais ter autorizado filiação à entidade.
A defesa da AMBEC apresentou gravação telefônica como
possível prova de consentimento, mas o juiz André Pereira de Souza considerou
que não houve clareza sobre os serviços oferecidos, tampouco cumprimento da
exigência legal de autorização expressa e por escrito, conforme determina
instrução normativa do INSS.
A decisão ressalta que a autora, com 60 anos, é uma pessoa
idosa e, portanto, mais vulnerável a contratações via telefone. “Os descontos
atingiram benefício de caráter alimentar, causando aflição, angústia e
comprometendo sua dignidade”, apontou o magistrado.
O juiz ainda concedeu liminar e ordenou bloqueio de R$
15.720,00 das contas da AMBEC como medida de garantia à reparação da vítima. O
caso ganha ainda mais repercussão ao ocorrer paralelamente às investigações
federais que envolvem a própria AMBEC e outras 11 associações apontadas como
suspeitas de fraudar o sistema previdenciário por meio de descontos indevidos
em aposentadorias e pensões.
A Controladoria-Geral da União (CGU) assumiu a apuração dos
casos, retirando a responsabilidade do INSS após identificar indícios de
participação de servidores públicos no esquema.
A chamada Operação Sem Desconto, deflagrada no fim de abril
pela CGU em parceria com a Polícia Federal, estima um desvio que pode
ultrapassar R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Os valores teriam sido desviados
por meio de cobranças não autorizadas a milhões de aposentados em nome de
sindicatos e entidades de representação, como a AMBEC.
A pedido da Advocacia-Geral da União, o governo Lula (PT)
iniciou o bloqueio de bens das instituições envolvidas. A decisão em Sumaré é
uma das sentenças já favoráveis às vítimas do esquema.
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