Captação em período crítico é considerada viável na Represa Salto Grande, em Americana
Comissão Especial do Legislativo discute alternativas para
abastecimento público e CPFL admite possibilidade técnica em situações
emergenciais, mas volume captado poderá afetar usina na área
A Comissão Especial de Estudos para recuperação, preservação
e utilização da Represa do Salto Grande da Câmara Municipal de Americana se reuniu
nesta semana com representantes da CPFL para debater a possibilidade de
captação de água do reservatório para abastecimento do município. O relator da
comissão, vereador Lucas Leoncine (PSD), sugeriu que o reservatório fosse
utilizado para captação em períodos de emergência hídrica. Para a CPFL, a
medida é uma opção viável.
Participaram a vereadora Talitha De Nadai (PDT), presidente
da comissão, os vereadores membros Gutão do Lanche (Agir), Jacira Chávare
(Republicanos), Levi Rossi (PRD), Lucas Leoncine (PSD), Professora Juliana (PT)
e Renan de Angelo (Podemos), o coordenador de Meio Ambiente da CPFL, Leandro
Henrique Soares, e o consultor de relacionamento da CPFL, Gerivaldo de Jesus
Nunes.
Durante a reunião, os vereadores questionaram as
responsabilidades da empresa na concessão para exploração do reservatório para
a geração de energia elétrica e perguntaram como uma possível captação de água
para o abastecimento da população de Americana poderia afetar a geração de
energia na usina.
Segundo Soares, a utilização do reservatório para o
abastecimento em Americana depende de autorizações de órgãos como a ANEEL
(Agência Nacional de Energia Elétrica) e a CETESB (Companhia Ambiental do
Estado de São Paulo) e pode afetar a geração de energia. “A usina depende de
uma vazão mínima de 12 metros cúbicos e opera com níveis mínimos de geração,
que ocorrem, em média, de seis a sete meses ao ano. A captação de água para o
consumo pode agravar esse cenário”, comentou.
A vereadora Professora Juliana questionou a viabilidade de
instalação de usina de tratamento antes da entrada de resíduos de outros
municípios. Soares explicou que há possibilidade técnica de instalação de
usina, porém pode não ser viável economicamente.
“A represa recebe água com resíduos de mais de 13 cidades
que compõem a bacia do Rio Atibaia e que o ideal é que os municípios façam
tratamento terciário do esgoto, pois é a forma de eliminar os agentes
biológicos – portanto, é importante melhorar a qualidade da água despejada
antes de se projetar a instalação de uma usina de tratamento. Uma ação civil
pública está em andamento para que os municípios promovam o tratamento
terciário, portanto a expectativa é positiva para o futuro já que esses municípios
têm projetos em andamento. Em certos períodos, a qualidade da água da represa e
do Rio Piracicaba são compatíveis”, respondeu Soares.
Ainda a respeito da questão ambiental, o representante da CPFL explicou que, pelas regras do contrato atual de concessão, em vigência até 2028, a empresa não tem obrigação legal de promover retirada das macrófitas e que a existência dessas plantas não prejudica a operação de geração de energia. “Havendo projetos para uso da área, é importante considerar o impacto na usina, em se tratando de possíveis impactos na vazão que poderiam prejudicar ou inviabilizar a geração de energia. A energia produzida pela usina tem capacidade de atender cerca de 60 mil pessoas”, comentou. Soares foi questionado sobre monitoramento da qualidade de água e se comprometeu a encaminhar os relatórios existentes.
ATIVO HÍDRICO
A presidente da comissão destacou que o uso da represa para
recursos hídricos poderia ser uma alternativa para a região, que deve ter um
importante desenvolvimento urbano. “Queremos compreender de forma detalhada
quais são as ações realizadas pela CPFL e quais medidas podem ser ampliadas em
parceria com o município. O nosso foco é o futuro da Represa do Salto Grande
como ativo ambiental e hídrico estratégico para Americana”, comentou Talitha De
Nadai.
O relator da comissão, vereador Lucas Leoncine (PSD),
reforçou a avaliação positiva. “Foi uma reunião esclarecedora e reforçou a
importância de investirmos na qualidade da água da represa; com a obrigação de
tratamento terciário de esgoto para os municípios da bacia do Rio Atibaia, os
recursos hídricos que chegam à Americana estarão em condições viáveis de
tratamento e poderemos pensar no uso dessa água em situações críticas de
abastecimento da rede local. Vamos seguir em reuniões com outros órgãos para
propormos soluções concretas”, afirmou.
Talitha De Nadai propôs que a comissão visite outras cidades
onde não há tratamento adequado de esgoto e cujo despejo polui a represa do
Salto Grande. Os vereadores discutiram sobre a obtenção de documentos relativos
à concessão à CPFL e definiram o agendamento de reuniões com representantes da
CETESB e do DAE (Departamento de Água e Esgoto) de Americana.
DEPENDENTE DO RIO PIRACICABA, AMERICANA DECRETOU ESCASSEZ
HÍDRICA EM SETEMBRO
Americana decretou em 29 de setembro emergência hídrica no
município. A medida permitiu a adoção de ações para minimizar os impactos da
estiagem prolongada e da baixa qualidade da água do Rio Piracicaba no
abastecimento público.
A medida veio ao encontro do decreto da SP Águas, que
declarou estado de escassez hídrica na Bacia do Rio Piracicaba, que registrou
chuvas 90% abaixo da média nos últimos meses. Esse cenário afeta diretamente
Americana, já que a vazão e a qualidade da água do Rio Piracicaba, responsável
pelo abastecimento da cidade, ficaram muito baixas.
Com menos volume disponível e em piores condições, o
tratamento se tornou mais lento e exigiu lavagens frequentes dos filtros,
reduzindo a oferta de água tratada e provocando oscilações no abastecimento em
diferentes regiões.
O DAE (Departamento de Água e Esgoto) ampliou equipes e
contratou mais caminhões-pipa para atendimento em pontos específicos das
regiões mais afetadas, além de intensificar as campanhas de conscientização
sobre o uso racional da água. Apesar do decreto, as chuvas dos últimos dias
indicam o início da recuperação hídrica do Rio Piracicaba, em Americana.

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