Economia
Para RMC, que concentra grande contingente de exportadoras, medidas podem controlar crise

Especialista aponta saída para reduzir danos da crise e aliviar pressão na RMC

Tarifaço e revisão de acordos impactarão indústrias e exportações nas cidades da região; anistia para os episódios de 8 de janeiro é sugerida como gesto de ‘pacificação institucional’ e mais medidas podem conter retração, segundo Di Serra

A recente crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, intensificada após o tarifaço de 50% imposto pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros, pode gerar efeitos negativos diretos sobre a Região Metropolitana de Campinas (RMC), um dos maiores polos industriais e tecnológicos do país. A revisão de acordos comerciais e o endurecimento das barreiras tarifárias ameaçam exportações, investimentos e, principalmente, empregos em cidades como Campinas, Sumaré, Paulínia, Hortolândia e Americana.

Para o especialista em Relações Internacionais e pós-graduado em Comércio Exterior, Di Serra, a situação é crítica e exige respostas rápidas e eficazes. Segundo ele, “quando a confiança do investidor cai, a primeira reação é suspender ou redirecionar projetos para mercados mais seguros”. “E isso já está acontecendo”, disse.

Di Serra sugere três medidas prioritárias para conter os danos e restaurar a credibilidade do Brasil no cenário internacional. A primeira delas é a votação imediata, pelo Congresso Nacional, do projeto de anistia aos envolvidos no episódio de 8 de janeiro, defende. Para o especialista, “não se trata de ignorar eventuais crimes, mas de garantir julgamentos justos, com ampla defesa e respeito aos direitos humanos”. Ele argumenta que a anistia, aprovada dentro dos marcos constitucionais, poderia atuar como um gesto de pacificação nacional e enviar ao exterior a mensagem de que o Brasil “respeita suas instituições e seus cidadãos”.

Outro ponto apontado por Di Serra é a condução do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele defende que o Congresso, especialmente o Senado, assuma o papel de fiscalizador e garanta um processo “transparente, técnico e despolitizado”. Para o especialista, “independentemente do lado político, um julgamento com aparência de revanchismo mina a confiança internacional no sistema de Justiça brasileiro”.

O terceiro eixo da proposta apresentada por Di Serra envolve a política externa. O especialista destaca a necessidade urgente de o presidente Lula abandonar a diplomacia guiada por afinidades ideológicas e adotar uma postura pragmática e focada nos interesses econômicos do país. “A aproximação com regimes autoritários tem custado caro ao Brasil em termos de confiança internacional e acesso a mercados”, opina. Para ele, reconstruir pontes com os Estados Unidos, a Europa e outras potências democráticas é essencial para preservar investimentos e garantir a estabilidade econômica, especialmente em regiões industriais como a RMC.

Di Serra enfatiza que essas medidas não significam submissão, mas sim “inteligência diplomática”, colocando os interesses do Brasil “acima de simpatias políticas”. O especialista acredita que adotar uma postura de Estado, focada na recuperação econômica, manutenção da democracia e preservação de empregos, é o único caminho para evitar o aprofundamento da crise.

“A soma dessas ações pode desarmar uma bomba econômica que já começou a explodir no setor produtivo e na geração de empregos”, conclui Di Serra.

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