Coluna Nutrição Além do Prato
Canetas para emagrecer: o que você precisa saber antes de
considerar esse recurso
Nos últimos meses, as chamadas “canetas para emagrecer” têm
ganhado cada vez mais espaço nas conversas, nas redes sociais e na rotina de muitas
pessoas. Mas afinal, o que são esses medicamentos, para quem realmente servem e
quais cuidados devemos ter ao considerá-los?
Essas medicações começaram a ser usadas principalmente para
o tratamento do diabetes tipo 2, por ajudarem no controle da glicemia. Com o
avanço das pesquisas, foram incluídas também no tratamento da obesidade e do
sobrepeso quando associados a outras doenças, como hipertensão, apneia do sono
e dislipidemia.
No Brasil, as marcas mais conhecidas são Wegovy e Ozempic,
que têm como princípio ativo a semaglutida; Saxenda, que contém liraglutida,
com perfil e dosagem diferentes; e Mounjaro, que traz a tirzepatida, atuando de
forma um pouco distinta das demais.
Uma novidade importante é que a Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz) iniciou a produção nacional da semaglutida, o que deve tornar esse
medicamento mais acessível para a população brasileira, reduzindo custos e
facilitando o acesso ao tratamento.
É importante destacar que, apesar de serem chamadas
popularmente de “canetas para emagrecer”, elas não são todas iguais. Por serem
compostos diferentes, a indicação médica, a forma de uso e os resultados
esperados variam de pessoa para pessoa. Por isso, cada caso precisa ser
cuidadosamente avaliado por profissionais de saúde.
Essas medicações funcionam reduzindo o apetite e aumentando
a sensação de saciedade, ajudando também no controle da glicose no sangue.
Porém, não são indicadas para qualquer pessoa que deseje “perder uns
quilinhos”. O uso é recomendado para pessoas com sobrepeso ou obesidade
associada a outras condições de saúde, conforme diretrizes internacionais e
brasileiras de tratamento da obesidade e comorbidades associadas.
Vale reforçar que essas canetas não devem ser vistas como
solução fácil ou atalho para emagrecer, nem algo que deve ser temido. Elas são,
na verdade, um recurso terapêutico que pode ajudar quando usadas da maneira
correta e dentro de um plano completo, que inclua a construção de hábitos
alimentares equilibrados, a prática regular de exercícios físicos e, quando possível,
apoio psicológico.
Quando usadas de forma indiscriminada e sem orientação
adequada, podem causar efeitos colaterais comuns como náuseas, vômitos,
desconforto abdominal e constipação, além de aumentar o risco de complicações
mais sérias, como pancreatite. Também é comum que, ao interromper o uso sem
mudanças no estilo de vida, haja reganho do peso perdido.
Além disso, o tratamento deve ser sempre individualizado,
acompanhado por médico e preferencialmente por uma equipe multidisciplinar que
conte com nutricionista, profissional de educação física e outros especialistas
para garantir segurança e melhores resultados.
Em resumo, as “canetas para emagrecer” podem ser uma
ferramenta útil para muitas pessoas, mas a verdadeira chave para o
emagrecimento, saúde e resultados duradouros está no conhecimento correto sobre
alimentação, na mudança consciente de hábitos e na construção de uma rotina
alimentar que se encaixe na sua vida, com constância e acompanhamento
profissional.
Por isso, antes de qualquer decisão, busque informação de qualidade, converse com especialistas e valorize o processo completo. Assim, você investe no que realmente traz saúde e bem-estar a longo prazo, muito além da ponta de uma agulha.
Marina Rocha Luciano é nutricionista clínica esportiva,
formada pela UNICAMP (Universidade de Campinas) e com pós-graduação pela USP
(Universidade de São Paulo). Atua com foco na promoção da saúde e qualidade de
vida, melhora da composição corporal e da performance esportiva. Por meio de
uma nutrição com propósito, respaldada na ciência, busca promover autonomia
alimentar com estratégias individualizadas, eficazes e sustentáveis. Atende na
clínica Centerclin, em Sumaré.
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